Todo mundo já se pegou pensando na própria morte, e existem várias maneiras de se fazer isso, desde do depressivo “será que alguém sentirá a minha falta?” até o mais curioso, e motivo deste texto, “quais seriam minhas últimas palavras?”. A todos que ainda não se decidiram, aqui vai uma série de exemplos muito bons.Para mim, a mais espirituosa delas, principalmente porque estou fazendo o mesmo tipo de transição, é a do Humphrey Bogart, que em seus últimos dias concluiu: “Nunca devia ter trocado o Whisky por Martini”. Seguindo a linha alcoólica, o escritor russo Anton Tchekhov, à beira da morte, pediu ao seu médico uma dose de morfina e uma taça de champanhe, e disse “Faz muito tempo que não bebo champanhe” antes de entrar num sono do qual jamais acordaria.As últimas palavras de Hitler, ditas para os guardas na porta do bunker ao qual se recolheu para cometer suicídio, foram “quando a música acabar, apaguem as luzes”. John Kennedy, antes de ser baleado, disse “Isto é óbvio” - Um jornalista se aproximou de seu veículo e gritou “Presidente, Dallas te ama!”, o que Kennedy respondeu “Isto é óbvio”. Em seguida, bang.Anos depois, em Nova Iorque, após ouvir tiros, um policial se aproximou da vítima no chão e, ao reconhece-la, perguntou “Você é o John Lennon?”, e John respondeu “Sim, eu sou”, falecendo logo em seguida.Winston Churchill, já bem doente, questionado como se sentia, afirmou que “Morrer é um tédio”. Quando Karl Marx estava à beira da morte, o caseiro foi até seu quarto com um caderno, perguntando se ele gostaria que suas últimas palavras fossem anotadas. Com o que restava de suas forças, Marx expulsou o sujeito do quarto, alegando que “Últimas palavras são para tolos que não falaram o bastante”.Há aqueles que morreram delirando. Truman Capote morreu chamando pela mãe. Goethe pediu por “mais luz, mais luz”. Quem estava com Steve Jobs em sua hora final, conta que ele morreu numa série delirantes de “Uau!Uau!”. Emily Dickinson dizia que precisava ir, porque “o nevoeiro está aumentando”, enquanto Victor Hugo afirmou que via uma luz negra.De acordo com a crença popular, imortalizada por Shakespeare, o imperador Julio César, traído e esfaqueado múltiplas vezes, disse o famoso “Até tu, Brutos?”. Nesta mesma linha das coisas impossíveis de ser comprovadas, Nostradamos teria previsto “Amanhã, ao nascer do sol, eu não estarei mais aqui”, e acertou. E Maria Antonieta, executada na guilhotina, teria pisado sem querer no pé do carrasco e dito “Perdão, senhor” antes da lamina fazer seu serviço.Outra bastante espirituosa é a do assassino James W. Rodgers que, diante do pelotão de fuzilamento, foi perguntado sobre qual seria seu último pedido, e respondeu “Me tragam um colete à prova de balas!”. Pedido não foi aceito, e ele foi fuzilado mesmo assim. Mussolini foi mais direto e, antes de ser fuzilado, simplesmente pediu para que atirassem no peito.Conan Doyle, T.S. Eliot e John Wayne morreram se declarando para as esposas, garantindo alguns pontos para o romantismo, enquanto Keith Moon, baterista do The Who, fez justamente o oposto ao xingar a namorada que não quis lhe fazer café da manhã, instantes antes de sofrer uma overdose, que seria fatal.Por fim, tem também a questão das cartas de suicídio. Kurt Cobain, por exemplo, finalizou sua carta citando Neil Young, “É melhor queimar do que apagar aos poucos”, mas nenhuma vence a de Getúlio Vargas, que encerrou sua despedida com uma frase absolutamente brilhante, a imortal “Dou o primeiro passo no caminho da eternidade, e deixo a vida para entrar na história”.É lógico que muitas dessas frases podem não ter sido a última coisa dita pelas pessoas, e sim a última escutada por alguém, mas não deixam de ser interessantes. Após vinte, trinta, cinquenta, noventa anos sobre a terra, o que dizer na hora de ir embora? É algo para se pensar. Eu ainda não decidi, mas suspeito que se suas últimas palavras não precisarem ser para pedir desculpas ou perdão, você é praticamente livre para dizer qualquer bobagem.Collage
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