No confronto entre o maior jogador dos últimos 15 anos contra o maior dos próximos 15, deu Messi, que conseguiu algo mais improvável que uma Copa - fez o mundo inteiro, incluindo o Brasil, torcer para Argentina. E apesar de tudo que dissemos nos últimos 4 anos sobre o Qatar, Fifa e seus interesses suspeitos, a Copa para se esquecer se tornou uma Copa inesquecível.
Eduardo Galeano, o escritor uruguaio, escreveu que nós, torcedores, somos mendigos do bom futebol; vagamos pelos estádios implorando por uma esmola de genialidade, arte e mágica. Nesta final de domingo, ao invés de trocados, ganhamos na loteria.
Messi merecia ganhar, mas Mbappe não merecia perder. A partida do francês entra para a galeria das maiores atuações individuais em uma final de Copa, e lembrando que o rapaz tem apenas 23 anos, imagino com certo assombro o que ele ainda será capaz de fazer na carreira.
Já o capítulo final da história do argentino, foi puro sonho.
Se Messi não ganhasse uma Copa, seria azar da Copa. Mas ele ganhou. E no processo de canonização do futebol enquanto religião, vencer um Mundial é o que transforma um ídolo num gênio incontestável.
Por anos Messi precisou lutar contra o fantasma de Maradona; agora, após esse inesquecível mês de dezembro, ficou provado que Diego não era fantasma, mas anjo da guarda de Lionel. A Argentina, que por tantos anos contestou Messi na seleção, depois de domingo parece estar finalmente em paz com seus dois ídolos. E assistindo tudo isso acontecer, me veio a frase do jornalista Juanma Romero, que uma vez escreveu: “Eu vi Messi jogar. Será bonito dizer isso dentro de 20 anos. Lá do futuro, já no invejam”.
Messi, após anos praticando o inacreditável, guardou o épico para o final. E vê-lo jogar, desde sua estreia contra o Porto, aos 16 anos, em novembro de 2003 até a final de domingo, foi um prazer inefável. E se havia dúvida se ele era de outro planeta, domingo ficou claro que ele é, de fato, argentino.
Obrigado, futebol. Obrigado, Messi. O futuro já morre de inveja de nós.