Eu sou um crítico recorrente de posts em redes sociais, principalmente coisas como foto de criança no dia das crianças ou “É Carnaval que fala?” no Carnaval. No entanto, acho legais as homenagens aos cachorros, principalmente as despedidas. Ganham meu like.
Cães são heróis anônimos de nossas vidas, e deveriam ser mais reconhecidos.
Hoje, sacrificamos o Jack, meu companheiro dos últimos 12 anos. Ele tinha um tumor severo, e desde segunda não conseguia mais andar. Meu último gesto de amor por ele foi acabar com seu sofrimento. Foi o mais doloroso também; a gente mata o cão, e morre um pouco.
Tive Jack por um terço da minha vida. Quando passei na faculdade, eu estava com tanto medo da lista que me tranquei no quarto, só eu e ele, para ver o resultado; ele foi a primeira pessoa que soube que eu entrara na faculdade de Direito. Em duas longas e dolorosas crises de depressão, ele foi meu fiel escudeiro, dividindo a cama comigo. E mesmo quando incomodava, era por um bom motivo: sempre que estava com uma garota, precisava tirar Jack do quarto, porque ao menor movimento na cama, ele avançava na menina. Ele nunca entendeu que elas não queriam me machucar, pelo menos não fisicamente. Emocionalmente, talvez, e ele também ficou ao meu lado em várias noites pós pé na bunda.
Jack deixou um monte de memórias boas e, agora, uma única coisa ruim: sua ausência. Escrevo desde os 18 anos. Desde os 18, escrevo com Jack deitado na cama ao meu lado. Não à toa, sempre que minha história tem um cachorro, é sempre um Schnauzer prateado. Este é, oficialmente, o primeiro texto que escrevo sem ele.
Ele era tão parecido comigo que sofria dos mesmos problemas: era absolutamente ansioso, capaz de ter um ataque histérico de alegria quando eu e meu irmão chegávamos em casa, e comer até explodir, mesmo quando já estava completamente cheio, mesmo quando estava passando mal, mesmo se fosse algo bizarro que nenhum cachorro deveria comer. Apesar de todo amor por ele, Jack estava longe de ser o cão mais inteligente do mundo. Fazia parte do seu charme. Ele nunca encontrou inimigo maior que as portas de vidro, nas quais passou a vida batendo a cabeça.
Peguei Jack com 3 meses de idade, e ele passou o dia todo no meu colo. 12 anos depois, ele morreu também no meu colo. Dedicou a vida toda a mim e meu irmão. E por isso que fiz esse texto. Queria que todo mundo soubesse que por 12 anos, no Brooklin, viveu um Schnauzer chamado Jack que foi a melhor companhia que dois garotos poderiam ter, e sentiremos muita sua falta. Beijo bigodes.
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