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O que será da Ferrari?

Quem com Ferrari fere, com Ferrari será ferido. O tifosi que infernizou os colegas no auge vermelho da era Schumacher, agora paga com juros e correção monetária; não por adversários inalcançáveis ou distância técnica, mas, na maior parte do tempo, por erros próprios. É o mal que vem de dentro - se "somos o nosso maior inimigo", em 2022 a Ferrari prova isso todos os dias.

O GP da Hungria foi outra performance que não se comenta, se lamenta. E mais uma demonstração de uma equipe perdida e que agora parece afundar psicologicamente. Binotto, que deveria comandar a bagunça, se esconde cada vez mais num discurso de humildade que não serve para quem tem, ou pelo menos teve até agora, o melhor carro do grid. Só falta dizer que o objetivo da escudeira nunca foi vencer o campeonato, mas apenas se manter longe da zona da confusão. E como todo comandante prestes a cair, esperamos o fatídico "não sou eu que guio o carro".

Tal qual o personagem de García Márquez em Crônica de Uma Morte Anunciada, Binotto caminha no paddock ignorando o que todo mundo já sabe: que sua vida enquanto líder da maior equipe de F1 está para acabar.

Se o verde é a cor da inveja, o vermelho, mais do que nunca, é a da raiva. Sentimento que parece ter chegado aos pilotos da equipe: além dos questionamentos públicos feitos após a corrida por Leclerc, chama a atenção o uso do pronome "eles" por parte do monegasco: “eles decidiram, eles me chamaram” ao invés do tradicional "nós escolhemos, nós erramos" do trabalho em equipe. A paciência para manter as aparências parece ter chego ao fim.

E assim a Ferrari sai de férias, não como o aluno que passou de ano e agora tem um verão para aproveitar, mas como quem pega segunda época e terá que passar o mês estudando.

Se no começo do ano achávamos que a equipe abriria vantagem, agora ela precisa lutar, e muito, para não perder sua posição para Mercedes. Chegará em Spa olhando para atrás, ao contrário da Red Bull, que olha para frente, já na contagem regressiva para mais um título.

Será uma segunda metade de trabalho infernal, que parece caminhar mais para evitar humilhações (como acabar o ano atrás da Mercedes) do que para brigar por algo. A Ferrari tem 10 corridas para vencer seu maior adversário: ela mesma.

Veremos.

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