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O date (depois dos 30)

Acredite se quiser, mas ainda existem pessoas solteiras.

Minhas redes sociais, que todo final de semana mostram algum colega de escola casando ou tendo filho, parece querer me convencer do contrário. Nós sabemos, porém, que a verdade não está nas redes sociais, e sim em apps de paquera e bares lotados mesmo com um vírus mortal à espreita. São nesses lugares que podemos ver a face do jovem solteiro na casa dos 30.

Exceção feita aos casais, do carnaval de 2020 até a metade de 2021, se você estava transando é porque estava fazendo algo errado. De setembro/outubro para cá, todo mundo tomou a segunda dose e a vacinação encerrou o hiato das relações humanas ao qual a parte consciente da população se impôs. E agora estamos solteiros de novo, mas sem poder dizer que é por questões sanitárias.

Em tempos em que até a revista Times está elegendo sua capa por meio de pesquisa na internet (risos), fiz uma enquete na minha bolha, só com pessoas na minha faixa etária, para descobrir se elas acham mais fácil ou mais difícil se relacionar depois dos 30. Resultado: 80% acha mais difícil. Curioso, não?

Em tese, era para a idade facilitar o processo: somos mais independentes, mais maduros, podemos sair durante a semana porque ninguém tem trabalho da faculdade para entregar no dia seguinte. No entanto, ao que tudo indica, as coisas não funcionam deste jeito.

Quando jovens, nos vemos como algo que ficará mais leve com o tempo. Imaginamos que dinheiro, emprego, morar sozinho e independência permitirão a vida que queremos e os relacionamentos que queremos. A realidade, porém, é justamente ao contrário. Como uma bola de neve, quanto mais envelhecemos mais bagagem, experiência e trauma acumulamos. E na hora de conhecer alguém novo, pesamos uma tonelada.

Eu, por exemplo. Eu tenho dificuldade na parte de ficar sentimentalmente intimo com alguém, e o resultado disso é que acabo sempre retornando para as mesmas garotas com quem já saí. É triste, mas ainda prefiro 5 minutos de conversa com qualquer uma delas do que uma hora com uma menina nova num primeiro encontro. Em minha defesa, eu saí com garotas muito legais. Ainda assim, atrapalha (quero deixar claro que este é apenas um dos meus problemas. Tenho vários outros).

Como naquele episódio de How I Met Your Mother em que todo mundo carrega uma mala com suas questões pessoais, nós andamos por aí carregando as experiências dos relacionamentos passados, nossas inseguranças e todos os absurdos que projetamos em nossas cabeças - para algumas pessoas isso significa um baú, para outras é uma pochete. E carregando essas peças fora de moda, de repente nos vemos frente a frente com alguém, tentando adivinhar o que ela está pensando ao mesmo tempo que tentamos parecer interessantes. É uma batalha, e por isso cada beijo deveria vir acompanhando de aplausos e We Are The Champions no fundo.

Óbvio que algum leitor, à essa hora, já pensou: “mas é assim mesmo, até você encontrar alguém que te faça passar por cima disso tudo”. Pode ser. Talvez. Mas a questão é quantas oportunidades a gente deixa passar apenas por sermos uma geração complexada neurótica insegura hiperconectada à base de comida saudável e ansiolítico? Nossos psicólogos ficam ricos enquanto fazemos ghosting pelo celular. Uma hora teremos que enfrentar isso. Até porque a outra opção é torcer para o Ômicron obrigar todo mundo a ficar em casa de novo. Deus me livre.

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